A Libertadores põe Renato Portaluppi mais uma vez entre Flamengo e Grêmio pois ele é ídolo das duas torcidas

Renato Portaluppi, mora em Porto Alegre desde 2016, quando assumiu a equipe do Grêmio. Não é raro, porém, encontrar o treinador nas areias da praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, para onde ele costuma viajar na maioria dos seus dias de folga.

Assim como se divide entre a capital do Estado onde nasceu e a fluminense, Renato também tem sua história no futebol intimamente ligada a Grêmio e Flamengo, rivais nesta quarta-feira (23), às 21h30min, no segundo jogo das semifinais da Libertadores, no Maracanã.

Ex-ponta-direita veloz e rompedor, o gaúcho de Guaporé carrega admiração das torcidas das duas equipes, pelas quais conquistou os principais títulos de sua carreira dentro de campo e à beira dos gramados.

Revelado pelo Esportivo de Bento Gonçalves, Renato se profissionalizou no Grêmio em 1982. Logo tornou-se titular e foi importante na campanha do vice-campeonato brasileiro daquele ano, em final disputada contra o Flamengo.

No ano seguinte, o então jovem atleta de 21 anos teve aquela que pode ser considerada a melhor temporada de sua carreira como jogador.

Além de ajudar o Grêmio a conquistar a Libertadores, foi decisivo na disputa do título mundial. Saíram dos pés dele os dois gols da vitória sobre o Hamburgo (ALE), por 2 a 1, no Japão.

Valdir Espinosa, treinador responsável por lançar Renato no Esportivo, o comandou também em 1983. Ele voltaria a treinar o atacante anos mais tarde, já no Flamengo.

O descobridor de Renato para o futebol considera que os títulos conquistados pela equipe gaúcha naquele ano são essenciais para entender o sucesso de Renato, agora, como técnico gremista.

“É importante que o treinador sempre passe para os jogadores a história do clube. Agora, imagina esse treinador, que conta a história do clube da qual ele fez parte”, diz Espinosa à Folha. “Isso dá um peso muito maior.”

Em 1987, Renato desembarcaria no Rio de Janeiro para fazer parte de um dos elencos mais saudosos do Flamengo, ao lado de Zico, Bebeto, Leandro e Andrade.

O quinteto foi decisivo para que time rubro-negro conquistasse a Copa União de 1987, seu principal título no time carioca. Em 1990, três anos mais tarde, após retornar do futebol italiano, ele voltaria a vencer um título importante pelo clube da Gávea: a Copa do Brasil.

“O Renato como jogador foi excepcional, e como treinador está demonstrando a mesma competência. Ele sempre foi movido a desafios e é muito determinado”, afirmou o ex-lateral Leandro, que lembrou da vez em que teve Renato pela frente em uma final de Brasileiro. Foi em 1982, quando os rubro-negros ficaram com o título sobre o Grêmio.

“Ele era novo, mas não se intimidava. Ia para cima mesmo e dava muito trabalho. Tem grandes jogos como protagonista”, disse.

Palco do jogo desta quarta, o Maracanã já teve Renato derrotado e também idolatrado em decisões contra o Flamengo.

Em 1992, no primeiro jogo da final do Campeonato Brasileiro, o Botafogo de Renato foi surpreendido pelo time rubro-negro e amargou uma derrota por 3 a 0. No dia seguinte, o atacante acabou flagrado em imagens num churrasco onde servia carne para o então centroavante flamenguista Gaúcho.

A diretoria botafoguense não gostou da atitude de seu principal atleta e o afastou da segunda partida da decisão, em que o Flamengo confirmou o título com um empate em 2 a 2.

A volta por cima viria três temporadas depois. No ano em que o clube da Gávea comemorava o seu centenário, foi dele o gol de barriga que tirou, no final da partida, a taça do Campeonato Carioca de 1995.

O Fluminense venceu o jogo por 3 a 2 sobre um rival que tinha nomes como Romário, Branco e Sávio.

Para o ex-técnico Joel Santana, treinador de Renato naquele Fla-Flu de 1995, a conquista se deve muito à liderança do atual treinador gremista. “Ele merece todas as reverências. Foi o herói do time naquele dia e todos devem muito a ele, não só em campo, mas por tudo que representou durante a campanha.”

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