Especial: O Gauchão mais atípico da história

Foto: Divulgação / FGF

Por Heloíse Bordin, Nícolas Wagner e Valéria Possamai

A final do Gauchão entre Grêmio e Caxias neste domingo (30), marca o fim de uma edição de um campeonato à parte. Em meio à pandemia da Covid-19, o Campeonato Gaúcho de 2020 durou muito mais que o esperado. Na tarde deste domingo, na Arena, o mesmo confronto que consagrou o Caxias como o campeão do primeiro turno, irá definir quem será o grande campeão da edição de 2020. 

Mas o estadual que teve início lá em janeiro é bem diferente deste que termina hoje. Logo na abertura da competição, há mais de oito meses, também tivemos um encontro entre Grêmio e Caxias. Na Arena, vitória da equipe grená por 2 a 0. Embalado pela grande vitória na estreia, o Caxias arrancou para uma dominante campanha no primeiro turno. Tendo como grande trunfo a bola parada do lateral Ivan, o Grená terminou a fase classificatória na liderança do grupo A, forçando um Grenal já na semifinal.

No Beira-Rio lotado, vitória gremista com um gol de cabeça de Diego Souza. Já o Caxias, também nos acréscimos, superou o Ypiranga com gol de cabeça de Da Silva, que pertence ao tricolor. A final do primeiro turno teve como palco o Estádio Centenário, em Caxias do Sul, e coube a Diogo Oliveira, camisa 10 grená, deixar a Taça Ewaldo Poeta na serra gaúcha.

Segundo turno 

Somente as três primeiras rodadas do segundo turno foram disputadas dentro do planejado. Com o avanço dos casos da Covid-19, no dia 16 de março, uma reunião entre Federação Gaúcha de Futebol e os doze clubes decidiu pela paralisação do campeonato por quinze dias, mas ao entenderem o tamanho da pandemia que assolava o país, dez dias depois, a competição foi paralisada por tempo indeterminado.

A pandemia mudou os rumos dos clubes. Junto com ela, vieram as dificuldades financeiras. Os protocolos apareceram e as readaptações iniciaram. A paralisação de quase cinco meses desafiou os clubes e os obrigou a lutarem para se manter em pé na competição. Mesmo com todo poderio financeiro, até a dupla Grenal precisou estabelecer cortes e readequações de salários e de funcionários.

Após uma longa negociação com o governo do estado, o futebol no Rio Grande do Sul retornou, enfim, no dia 22 de julho. No entanto, sem a liberação da prefeitura de Porto Alegre, os jogos com mando de campo da dupla na fase classificatória precisaram ser transferidos para outras cidades do estado.

Neste cenário, o clássico Grenal que marcou a volta do futebol no estado precisou acontecer em Caxias do Sul, no Estádio Centenário. Na data, mais uma vitória gremista por 1 a 0, com gol de Jean Pyerre. 

Os classificados para a fase de mata-mata foram Inter e Novo Hamburgo pelo grupo A, e Grêmio e Esportivo pelo grupo B. O Caxias, que já podia conquistar o título do Gauchão caso vencesse o segundo turno, finalizou a fase de grupos como terceiro colocado do grupo B, e teve que aguardar pelo seu adversário na grande final. 

Nas semifinais, o tricolor venceu o Novo Hamburgo por 4 a 3, e o colorado passou pelo Esportivo em uma goleada de 4 a 0. O clássico Grenal 426 estava desenhado para a final do segundo turno do campeonato.

O clássico marcou a final do Taça Francisco Noveletto e a manutenção da invencibilidade de um dos lados. Com gols de Maicon e Isaque, os comandados de Renato Portaluppi chegaram à final do estadual, e alcançaram o nono clássico sem perder para o arquirrival.

Enquanto aguardava pelo seu adversário, a equipe do Caxias seguiu somente treinando. Foram 28 dias sem jogar. Já o Grêmio, além da fase de mata-mata, ainda emendou as cinco primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro. Em entrevista coletiva, Renato Portaluppi chegou a destacar que a falta de ritmo de jogo do adversário poderia ser uma possível vantagem para a decisão.

Quando entraram em campo na noite da última quarta-feira (26), além do sonho do título, Caxias e Grêmio compartilhavam uma mesma situação: a mudança de figuras do elenco. Em relação à sua última partida, o Grená perdeu cinco atletas, sendo dois titulares. O atacante Tilica se transferiu para o futebol da Grécia, enquanto o centroavante Gilmar precisou tratar de um problema crônico na lombar. Seu substituto, Da Silva, retornou de empréstimo para o Grêmio.

Por sua vez, no lado tricolor havia chegado a hora da despedida de Everton Cebolinha. E quisera o destino que um dos seus substitutos fosse seu xará. Foi pelos pés do Everton, ex-São Paulo e agora o camisa onze do Grêmio, que pintou o segundo gol contra o Caxias e ampliou a vantagem gremista para a decisão deste domingo. Ainda no Centenário, Pepê foi o responsável por abrir o caminho da vitória

Mesmo com a vantagem construída no primeiro jogo, o técnico Renato Portaluppi destacou que não vê o placar da partida no Centenário como um determinante para a conquista do título. Já pelo lado do Caxias, o técnico Rafael Lacerda lamentou o gol sofrido, mas não jogou a toalha.

Tudo se define neste domingo na Arena. Em um campeonato atípico, o Grêmio está próximo de chegar ao tricampeonato gaúcho, o que não acontece desde a 1987. Para isso, o tricolor pode até perder por um gol de diferença. Ao grená, resta tentar vencer por dois gols de diferença para levar para os pênaltis, ou três, para conquistar o bicampeonato.

* Por supervisão de: Marjana Vargas

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