Por Redação Rádio Grenal | 27 de maio de 2020
Em meio a pandemia causada pela proliferação do coronavírus, muitas personalidades do meio futebolístico remangaram as mangas e resolveram ajudar as pessoas que foram prejudicas diretamente pela doença. Lucas Barrios foi um dos tantos jogadores que optaram por usar a quarentena para doar alimentos à comunidades aqui de Porto Alegre. Em entrevista exclusiva à Rádio Grenal, Barrios comentou sobre o cenário atual do futebol, as medidas que os órgãos de saúde estão tomando e também relembrou momentos importantes da carreira.
O atacante Lucas Barrios foi um dos jogadores importantes para que o Grêmio pudesse conquistar o tricampeonato da Copa Libertadores da América, em 2017. O centroavante estrangeiro fez um dos gols mais importantes da campanha, contra o Botafogo, na Arena, pelas quartas de final. Lucas Barrios é argentino com cidadania paraguaia. Está, atualmente, no Gimnasia y Esgrima, na Argentina, mas mantém aceso os laços com Porto Alegre. Por esse vínculo e carinho pela cidade e pelo contexto mundial que estamos, o centroavante fez uma doação de 2,5 toneladas de alimentos, 600 máscaras e 145 kits com materiais de limpeza para Centro de Reabilitação de Porto Alegre (Cerepal). A doação de 145 cestas básicas e mesmo número de kits de materiais de limpeza, além das máscaras, ocorreu em parceria com o instituto Desejo Azul, que usa a paixão pelo Grêmio para realizar sonhos de crianças com doenças graves.
Em 2017, Barrios também havia promovido um jantar para angariar fundos e doar para o Cerepal, também em parceria com o Desejo Azul. A relação com a torcida do Grêmio e com a cidade se mantém mesmo após sua saída. O centroavante foi artilheiro do Tricolor naquele ano, com 18 gols. Segundo o jogador, é difícil assistir aos noticiários e se deparar com a realidade vivida pelo Brasil, já que o carinho que possuí pelo país é muito grande. “Porto Alegre para mim representa muito. Sou muito agradecido pela recepção da cidade e das pessoas que foram ao aeroporto me receber. Jamais esquecerei disso. A gente fica em casa esperando as decisões aqui na Argentina e espero que as coisas sejam boas aqui e também para o Brasil. Vejo na televisão e tem muitas pessoas morrendo. Fico muito triste, porque tenho um carinho pelo Brasil, e por Porto Alegre e São Paulo, onde joguei”, explica.
Trajetória no Grêmio
O torcedor gremista pouco provável que guarde lembranças ruins em relação a passagem de Lucas Barrios pelo Grêmio. Após a derrota por 1 a 0 do Grêmio para o Real Madrid, na decisão do Mundial, Barrios avisou que não permaneceria em Porto Alegre para 2018. Inclusive chegou a afirmar que já sabia de seu futuro “há dois meses”. Na época, o paraguaio mostrou satisfação ao contrariar opiniões no Brasil de que não teria condições de render o esperado pelo time gaúcho depois da saída do Palmeiras, no início daquela temporada. Mas deu a volta por cima e marcou 18 gols. Barrios, não só contrariou opiniões, mas acabou 2017 como goleador da equipe, ao lado de Luan. “Normalmente se sabe quando vai ficar ou não. Quando saí do jogo e dei entrevista, sabia que não ficaria. Mas as coisas são como tem que ser, sigo tendo carinho pelo Grêmio”, comentou.
O Grêmio conquistou a América, legitimamente sonhou com mais e lutou por isso, mas parou diante de um rival poderoso liderado por Cristiano Ronaldo. O Real Madrid alcançou o sexto título mundial ao vencer os gremistas por 1 a 0, em Abu Dhabi. Um bonito gol de falta do português. Perder um campeonato, por si só, já é algo de se marcar negativamente a carreira, entretanto, tratando-se de um Mundial, talvez o sentimento de tristeza seja maior. Para Barrios, o tricolor enfrentou uma campanha difícil, mas que o grupo deu o melhor em campo. “Triste de haver perdido o jogo, porque o time do Real Madrid não fez muita diferença. Eles tiveram oportunidades em que o Grohe fez defesas, depois não deram um pênalti no Ramiro. As coisas acontecem porque o futebol é assim. Título é título, seja contra Boca, River ou Lanús. Foi uma campanha difícil, mas fomos os que melhor jogamos, e matamos quando tínhamos que matar”, acredita.
Barreira tricolor x Cristiano Ronaldo
Barrios acabou se tornando personagem negativo na disputa pelo Mundial de Clubes. No lance capital da partida, o centroavante acabou falhando em uma infeliz abertura na barreira tricolor na falta cobrada por Cristiano Ronaldo, ainda no primeiro tempo. Barrios salienta que viu um pouco de “sorte” na cobrança de Cristiano e explica que os jogadores da barreira acreditavam que a batida seria por cima, assim como já havia ocorrido nas cobranças anteriores.
“A gente falava depois que normalmente ele [Cristiano] bate a bola por cima e, por isso, que a gente sempre pulava. A gente sabia que Cristiano batia muito bem. E nossa sorte não foi nesse dia. Por que ele bateu pelo meio e passou a bola. Foi um jogo muito de igual para igual. Nos doamos para vencer o Real Madrid, tivemos um pênalti não marcado e até por isso fomos prejudicados”, ressalta.
Treinamentos no Gimnasia y Esgrima e Diego Maradona
A AFA encerrou a temporada e cancelou os rebaixamentos desta temporada e a de 2021 por causa da pandemia do coronavírus. Para o centroavante, é um momento difícil porque o elenco precisa fazer uma boa pré-temporada enquanto outros times já estão jogando a Libertadores. “Já estamos 2 meses e meio, quase 3 sem jogar. Quando voltarmos temos que fazer uma boa pré-temporada. É difícil porque tem times jogando a Libertadores, e quando voltar não vão ter muito tempo”
Após deixar o Grêmio, no fim de 2017, Barrios passou por Argentinos Juniors (ARG) e Colo-Colo (CHI), em 2018, e Huracán (ARG), em 2019. No início de 2020, o atacante foi anunciado como reforço do Gimnasia y Esgrima (ARG), time comandado por Maradona. O atual treinador, quase que não ficou no cargo. Em novembro de 2019, menos de 48 horas após ter anunciado a renúncia ao cargo de técnico do Gimnasia La Plata por falta de unidade na cúpula do clube, Diego Maradona voltou atrás e avisou que continuará na casamata do clube. Sorte para Barrios, que têm Maradona como lenda. “Estou sendo treinado por uma lenda. Quando você está com ele é estranho não fazer perguntas. Fico muito feliz de estar com ele neste momento da carreira, me ligou muitas vezes para jogar com ele. Vamos jogar fora de casa e é uma festa da torcida adversária. Nunca vi isso. Chegávamos no estádio e davam uma cadeira de rei para ele”, finaliza.
* Por supervisão de: Marjana Vargas