OPINIÃO: Banco de reservas reduzido será desafio para os técnicos no retorno do Gauchão

Renato terá que escolher a dedo as seis opções permitidas para o banco de reservas

Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA

*Por Nícolas Wagner

Além de confirmar a manutenção da rodada dos clássicos para o retorno do Campeonato Gaúcho, a reunião da FGF com os clubes, na última sexta-feira (10), também definiu algumas condições de jogo para a reta final do Gauchão. Afora a permissão para cinco substituições, a principal mudança é a redução do número de jogadores reservas por equipe para apenas seis. Levando em conta que um será goleiro, os jogadores de linha que estiverem no banco deverão entrar em campo.

Essa determinação vai ao encontro da ideia de reduzir ao máximo o número de pessoas envolvidas na partida. Mas é inédita, já que não esteve presente nos protocolos de retomada das principais ligas europeias e dos demais campeonatos estaduais. Algumas outras interpretações podem ser feitas para o porquê dessa decisão ter sido tomada. Por exemplo, a dificuldade de colocar os reservas na arquibancada, como tem sido feito na Europa, já que os estádios do interior possuem alambrado e algumas arquibancadas são metros acima do gramado.

Seis é um número excessivamente pequeno? Pode ser, especialmente considerando que cinco substituições serão permitidas. Mas a decisão está tomada, originada da rigidez que a FGF precisou ter para conseguir convencer o governo do Rio Grande do Sul a autorizar o reinício do estadual. É importante frisar que a restrição não se limita aos atletas, mas também à comissão técnica (somente quatro no banco), dirigentes e imprensa – somente a detentora dos direitos de televisão terá acesso aos estádios.

Para parte das equipes do interior, a mudança talvez não faça tanta diferença, já que as opções de qualidade entre os reservas são escassas, e alguns elencos por si só estarão reduzidos. Mas para a dupla Grenal a nova regra representará um desafio a mais para Renato Portaluppi e Eduardo Coudet. Escolher as peças certas para compor o banco exigirá leitura precisa do contexto do jogo e, com mais gente ficando de fora da lista de relacionados, a capacidade de gestão para deixar todos motivados será colocada à prova.

Em uma primeira análise, a redução do banco de reservas será benéfica para jogadores polivalentes e prejudicial para jovens que buscam espaço. Com a impossibilidade de se ter um suplente para cada posição, atletas como Paulo Miranda e Thaciano poderão ter vantagem. Já garotos como Darlan, Patrick, Praxedes ou Guilherme Pato tendem a ser prejudicados.

É válido aqui fazer um exercício de imaginação. Consideremos o time titular do Grêmio com Vanderlei; Victor Ferraz, Geromel, Kannemann e Cortez; Lucas Silva e Matheus Henrique; Alisson, Jean Pyerre e Everton; Diego Souza. O banco ficaria com algo parecido a Paulo Victor, Paulo Miranda (por jogar também na lateral), Maicon, Thiago Neves, Pepê e Luciano. Imagine Orejuela, David Braz, Darlan, Thaciano e companhia fora até da lista de relacionados.

No lado colorado, projetemos um 11 inicial com Marcelo Lomba; Saravia, Bruno Fuchs, Cuesta e Moisés; Musto, Edenilson, Marcos Guilherme e Boschillia; Thiago Galhardo e Guerrero. O banco poderia ter Danilo Fernandes, Rodrigo Moledo, Rodrigo Lindoso, Patrick, D’Alessandro e William Pottker. Rodinei, Uendel, Nonato, Praxedes e outros de fora.

Claro que tudo isso considerando utilização de força máxima, o que deve acontecer no clássico da retomada e nos jogos eliminatórios, e sem desfalques. Nas duas partidas finais da fase classificatória, é provável que Renato e Coudet façam rodízio não só no time titular, mas também no banco. Eles que se virem para fazerem as escolhas certas e manterem todos motivados. São muito bem pagos para isso. Mas será um desafio extra na retomada do Gauchão.

* Por supervisão de: Marjana Vargas

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