OPINIÃO: Grêmio agradecerá por venda maior do que Arthur merece

Foto: (Divulgação/FC Barcelona)

*Por Nícolas Wagner

A transação acordada pelo Barcelona para a venda de Arthur para a Juventus por 80 milhões de euros (R$ 467,5 milhões) é um negócio espetacular para a equipe catalã e para o Grêmio, que pelo mecanismo de solidariedade da FIFA tem direito a 3,51% de qualquer venda do volante. Nesse caso, isso representaria 2,8 milhões de euros – R$ 16,3 milhões na cotação atual.

Na atual conjuntura, de crise financeira ocasionada pela pandemia, é motivo para agradecer de joelhos. O Grêmio segue com a projeção e expectativa de arrecadar R$ 88 milhões na temporada somente com venda de atletas. Enquanto aguarda propostas especialmente por Everton, o tricolor vai adquirindo um gás financeiro com ex-jogadores do clube. Além de Arthur, a venda de Alex Telles, do Porto para o PSG, também deixará mais de R$ 700 mil nos cofres gremistas.

No caso do volante destaque da campanha do tricampeonato da América em 2017, a quantia que o Grêmio abocanhará caso a negociação se confirme deveria ser ainda mais comemorada pelo fato de ele não estar jogando o suficiente para justificar uma venda por tamanha cifra. Especialmente nesta temporada, a segunda na Espanha, Arthur não conseguiu se fixar no time titular – foram 17 aparições no onze inicial em 42 partidas do clube até aqui.

Há questões técnicas e táticas que ajudam a explicar porque Arthur não correspondeu às expectativas criadas quando da sua contratação junto ao Grêmio, em que foi até apontado como sucessor de Xavi. O volante goiano, formado no Rio Grande do Sul, não conseguiu dar o passo adiante na evolução do seu jogo. É um meio-campista muito específico, que se aproxima dos zagueiros para, com conduções, giros e passes sair da pressão adversária e distribuir a bola. Mas o futebol europeu de alto nível, e em especial o Barcelona, pedem mais coisas para um jogador desta função.

Xavi, por exemplo, era um meio-campista completo, ou o todocampista – terminologia utilizada pelos espanhóis. Participava da saída de bola, mas também marcava muito (com mais inteligência do que força) e participava da construção das jogadas no terço final, criando chances para os companheiros. Arthur se limita à primeira parte desse processo. Lhe faltam virtudes ofensivas, e a principal crítica que se faz a ele, com justiça, é que a maioria de seus passes são horizontais.

O DNA do Barcelona também está atrelado ao chamado jogo de posição, eternizado por Cruyff e Guardiola, em que os jogadores devem respeitar suas zonas de atuação, esperando a bola chegar até eles. É o contrário do jogo que era praticado por Arthur no Grêmio, em que se deslocava constantemente atrás da bola. No Barcelona, isso gerou um desconforto, já que o volante brasileiro por muitas vezes ocupa, instintivamente, a faixa destinada a Busquets, o responsável pela saída de bola.

Isso não significa que Arthur deva ser tolhido de sua principal qualidade, ou ficar estático em um posicionamento adiantado que não é seu – como Tite o forçou a fazer algumas vezes na seleção. Porém, o volante precisa desenvolver atributos como o passe vertical, a bola longa, a finalização de média e longa distância e a intensidade na marcação.

Todos esses aspectos, além de um possível desvio de foco a partir da amizade com Neymar e da troca de empresário, fazem com que pareça exagerado, neste momento, os 80 milhões de euros da Juventus, que aposta esse valor na juventude dos 23 anos de Arthur e na possibilidade de evolução sob o comando de Sarri em outra cultura de jogo. Ainda não há confirmação do negócio, e segundo o colega Marcelo Bechler, do Esporte Interativo, o volante só pensa em seguir em Barcelona. Se mudar de ideia, o Grêmio agradece.

* Por supervisão de: Marjana Vargas

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