OPINIÃO: Pepê não é Cebolinha, mas tem tudo para ser o novo protagonista do Grêmio

Pepê voltou a marcar contra o Caxias, mas saiu com lesão muscular

Foto: (Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

*Por Nícolas Wagner

A saída de um jogador como Everton Cebolinha causaria impacto em qualquer equipe. Por sorte, o Grêmio já tinha em casa uma reposição. Não com a mesmas qualidades e características, mas com nível suficiente para se transformar também em protagonista do tricolor.

Pepê passou pelo processo de lapidação que já se tornou tradicional no Grêmio. Após estrear no profissional em 2017, aos 20 anos, teve duas temporadas de maturação até assumir de fato a titularidade com a saída, de certa forma tardia, de Cebolinha – que havia trilhado caminho semelhante de esperar sua hora chegar entre os 11 iniciais de Renato.

Mas a comparação tem que ficar por aí. Everton é um jogador muito mais afirmado que Pepê, com campanha de destaque na Seleção Brasileira principal e tudo. Além disso, por mais que joguem na mesma posição, os dois possuem virtudes diferentes. Everton é um jogador de receber para encarar a marcação de frente, buscar o corte para dentro e finalizar. Acha espaços mesmo contra defesas fechadas. Já Pepê é mais de receber a bola em profundidade, às costas da defesa e com espaço para driblar em velocidade.

Com ele e Alisson como titulares, tem sido constante a troca de lado entre os dois, assim como a infiltração de Pepê dentro da área para finalizar – os gols contra Flamengo e Caxias foram semelhantes nesse sentido. A mecânica de jogo do tricolor pode potencializá-lo. Primeiramente, pelo bom entendimento com Jean Pyerre, com quem joga junto desde a base. Já é característico o passe em profundidade de Jean para Pepê, no espaço entre o lateral direito e o zagueiro. Da mesma forma, Alisson e Isaque, que sai da referência para armar, têm boa capacidade de assistência.

Mapa de calor de Pepê no Brasileirão 2020 mostra atuação principal na esquerda, mas circulação por todo ataque. Crédito: SofaScore

É natural que Pepê oscile, até porque o próprio Grêmio oscila. Mas o desempenho nos últimos jogos comprovam seu potencial para se tornar protagonista do tricolor. Além dos dois gols, que ratificam sua grande capacidade de finalização, Pepê é o jogador que mais driblou no Campeonato Brasileiro (22). Tudo se resume a sequência – e a torcida fica para que a lesão muscular não seja grave – e o entendimento de que ele não é Cebolinha.

* Por supervisão de: Marjana Vargas

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